[RP FINALIZADA] Shores of a solar sea

Sleeping Sun

“- Corra Ophelia, corra, você precisa ir. Por favor, CORRA! – Falava uma voz doce, mas coberta de desespero e um tanto familiar. – Espera! Para onde devo ir? Eu não sei a onde estou.. – Disse enquanto corria, mas sem muita pressa, enquanto olhava ao redor, começando a sentir o desespero no meio daquela floresta escuta. Alguns barulhos estranhos me fizeram correr mais rápido, pois aquela voz me mandava correr, corra Ophelia, corra, você precisa correr. Encontrei um lugar claro, e me direcionei ao lugar, parava de correr conforme me aproximava, minhas mãos tiravam os galhos que atrapalhavam minha visão e foi ai que eu consegui ver...   – Mãe... – Disse enquanto meus olhos se enxiam de lagrimas ao ver a cena a minha frente, minha mãe estava amarrada em uma pilastra de madeira, seu rosto inteiro coberto por sangue, assim como suas roupas e seu cabelo... Cheguei mais perto para ver, mas sem querer pisei em algo que fez um barulho “tack”, tirei meu pé de cima e quando vi era o colar que minha mãe havia dado a mim e outro a Saphira, mas aquele era exatamente o meu... Ao levantar o rosto pude ver, eu e Saphira estávamos caídas no chão, cobertas por sangue, minha mente confusa, olhei meus braços e eu estava exatamente como a Ophelia que estava no chão. Pessoas chegaram ao redor, jogaram fogo em nossos corpos. - NÃO! NÃO! PAREM, POR FAVOR! PAREEEM! – Disse desesperadamente tentando impedi-los de fazerem isso, mas de nada adiantou, era como se eu não estivesse ali, apenas a Ophelia do chão, o fogo subia consumindo os corpos do chão e o de minha mãe, comecei a sentir meus braços arderem e quando vi, eu estava em chamas. – NÃAAAAAAAAAO!”

– NÃAAO! – Gritei enquanto acordava assustada, senti que meu corpo estava soado, olhei ao redor de meu quarto com pressa para ver se algo estava acontecendo, me levantei rapidamente e me direcionei ao quarto de Saphira, mas felizmente ela estava ali, dormindo bem como sempre, ou pelo menos aparentava estar bem. – Foi só um sonho Ophelia, de novo... – Sussurrei enquanto caminhava de volta para meu quarto. Encarei a cama por um tempo, mas não queria mais dormir, aquele pesadelo mandou todo meu sono embora, caminhei até a janela, tirando a cortina que a cobria da frente, estava tudo escuro ainda, a lua ainda brilhava, era madrugada, mas não queria mais ir dormir.

Fui à procura de um livro em minha estante, comecei a folheá-lo até encontrar o que queria. - Uma simpatia para quebrar esses pesadelos. Perfeito! – Disse, baixo e com animo na voz, comecei a ler como funcionava, até parar meu dedo na parte de ingredientes. – Droga, vou ter que procurar coisas fora daqui... – Disse e logo respirei fundo, fechei o livro e o levei comigo até minha cama, o largando lá em cima, peguei minhas roupas e as vesti, ajeitei meus cabelos e logo vesti minha capa, colocando a toca dela por cima de meus cabelos, lembrei de minha bolsa e coloquei o livro dentro dela, comecei a caminhar para a saída de meu quarto, mas parei, precisava saber se ele estava comigo, meu colar... Levei minha mão até meu pescoço e senti sua corrente, deslizei meus dedos sobre ela até chegar ao pingente, suspirei aliviada e assim comecei a caminhar até a saída da casa.

– Cora! Cora! – Dizia enquanto chamava minha égua, finalmente ela apareceu, toda branca como a neve e apenas uma mancha preta em seu rosto, ela parecia estar muito bem. – Oi Cora... Você está tão feliz. – Disse enquanto a acariciava um pouco. Com meus poderes eu poderia ter invocado algo mais rápido, mas Cora era minha paixão, meu bichinho, fora que eu chamaria muita atenção e Sayha poderia perceber, assim como Saphira também.

Cavalgava saindo de Whitelands, indo a um lugar que poucos conheciam, na verdade, acredito nunca ter visto ninguém por lá, era um tanto longe, mas nada tão perigoso, a floresta estava escura, o sol iria demorar muito para aparecer, mas a lanterna que carregava estava facilitando um tanto minha visão. Estava tudo completamente coberto pela neve, aquele vento gelado batia em meu rosto me fazendo estremecer um pouco, já havia me acostumado com aquele frio todo, vivo em Whitelands por anos e isso tornava fácil sair em noites frias.

Já fazia um tempo que estava cavalgando, Cora estava se cansando, assim como eu estava ficando com fome. - Cora, pare! Vamos parar um pouco. – Disse com a voz firme enquanto puxava a guia. Desci e logo preparei uma fogueira, dei um pouco de comida para Cora e me alimentei, sabia que não estava tão distante dali, poderia ir caminhando. Ainda era noite, mas ainda conseguia caminhar com minha lanterna, juntei minhas coisas e comecei a caminhar com Cora, até chegarmos ao nosso destino.

Caminhamos pouco até encontrarmos o lago congelado, o local era bem coberto por arvores, salvando a passagem sem tanta neve, minhas vestes que eram escuras, já estavam com boa parte inferior branca ou molhada. Deixei Cora perto de uma árvore e segui sozinha, procurando algumas plantas do inverno e pedras, não conseguia parar de pensar no pesadelo que tive, mas ao chegar aquele local, era tudo mais tranquilo, apenas sentia a saudades.

Respirei fundo e calmamente enquanto andava devagar, me distraindo um pouco com uma música em minha mente, até que comecei a cantar. - The sun is sleeping quietly, once upon a century, wistful oceans calm and red ardent caresses laid to rest.  – Mantinha a voz calma, cantando com tranquilidade, logo dando continuidade… - For my dreams I hold my life, for wishes I behold my night… The truth at the end of time, losing faith makes a crime…

Sleeping Sun

- I wish for this night-time to last for a lifetime, the darkness around me shores of a solar sea, oh how I wish to go down with the sun, sleeping, weeping, with you… – Cantava ainda com toda calma e leveza na voz enquanto esboçava um sorriso no rosto e caminhava sem pressa. - Sorrow has a human heart from my god it will depart I'd sail before a thousand moons, never finding where to go… Two hundred twenty-two days of light will be desired by a night, a moment for the poet's play until there's nothing left to say… I wish… – Parava de cantar a música ao escutar um barulho, na verdade uma voz, uma voz de um homem, meu corpo congelou por um momento até ver uma pedrinha ultrapassar ao seu lado, todas aquelas lembranças da noite viram a sua mente, mas não poderia manter o medo.

Respirei fundo apenas uma vez e virei minha cabeça, ainda sem conseguir olhar o que era, ele perguntava meu nome, mas eu não o respondi, logo dizia que não iria me machucar e foi ai que consegui me virar, com tanta rapidez que meu capuz caiu. – Quem é você? – Disse com uma voz firme enquanto me aproximava com a lanterna e mantendo minha postura firme. – O que você quer? – Dizia ainda me aproximando pouco, meu coração batia desesperadamente dentro de meu peito, continuava firme, fazendo o máximo para que as cenas não dominassem minha mente, o sol começava a nascer, clareando o local aos poucos, mas sendo o suficiente para ver quem estava ali...

Sleeping Sun

Não sabia o porque ele estaria ali, o que ele queria ali, tinha que tentar intimida-lo, para evitar mostrar meu medo que estava contendo dentro de mim, continuei me aproximando. – Mesmo assim, o que você quer? – Dizia em um tom sério e alto, fazendo com que ele se afastasse cada vez mais.

”Continue andando Ophelia, uma hora ele desiste de fazer perguntas, você não pode correr”
Não tinha como pensar diferente, meus sonhos, sempre me davam medo, não sabia o que iria acontecer depois de tudo isso, mas ele demonstrava estar um pouco com medo, parecia não querer me machucar, parecia não saber quem eu era, mas eu não poderia baixar guarda, não sabia se realmente aquilo que ele estava dizendo era real.

Meu rosto corou por inteiro ao escutar o que ele dizia, mas logo em seguida vi o mesmo cair no chão, meu corpo paralisou por um momento, desespero e preocupação, quando consegui tomar alguma ação corri até onde ele estava, parecia ter batido a cabeça. Quando estava próxima o suficiente me agachei ao seu lado, levando minha mão ao rosto do homem que havia caído a minha frente, por medo recuei a mão, mas seu rosto demonstrava tanta inocência mesmo sem reação que me fez levar a mão novamente ao rosto dele. – Me desculpa, não queria te machucar... – Sussurrei enquanto acariciava o rosto dele.

Ele era tão belo, meu coração estava desesperado dentro de mim, nunca tive contato com pessoas fora de Whitelands, principalmente com homens, ainda mais tão belos da forma como ele era. – Preciso fazer algo, não posso correr e deixa-lo aqui. – Disse enquanto me levantava e olhava ao redor, o sol estava começando a nascer, mas ainda parecia frio para ele ali. Assoviei alto o suficiente para Cora escutar, esperei um pouco até escutar ela vir até mim, levei minha mão ao focinho dela. - Hey, Cora. Muito bom garota! Agora vamos, preciso da sua ajuda. – Disse para ela enquanto a colocava perto do homem que ali estava caído. Sinalizei para ela se abaixar, Cora se agachou um pouco, com minhas mãos manipulei o gelo para que ele se levantasse no local onde ele encontrava-se caído, quando a altura estava lado a lado, puxei o corpo dele para cima de Cora, voltei o gelo no lugar e junto dela caminhei para fora do lago congelado.

Seu corpo estava deitado ao lado de uma fogueira, perto o suficiente para aquecê-lo, havia machucado a cabeça, sangrava pouco, foi uma batida forte e ficaria bem dolorido, e para evitar machucar mais a apoiei em minha capa, na qual tirei e a enrolei para apoiar a cabeça do homem. Em minha bolsa peguei uma cumbuca e coloquei algumas plantas ali dentro, por um momento parei para olha-lo e meus olhos ficaram fixos nele por mais tempo do que eu pretendia, balancei minha cabeça para voltar a real e comecei a esmaga-las para criar uma pasta para passar a onde estava machucado.

Sleeping Sun

A pasta precisava ser bem triturada, para facilitar a sua mistura e a penetração dos ativos das plantas na pele, logo estaria pronto, mas para isso ainda precisaria esmagar mais. O homem a minha frente que se encontrava machucado parecia voltar a consciência, consegui escutar o mesmo fazer algum som, provavelmente por conta da dor, ao ver ele mexer no machucado levei meus olhos em direção a ele, mantendo meu olhar pelo canto. Mantive meu silencio o tempo todo enquanto me concentrava usando minhas energias para fazer a pasta, não o ignorava enquanto falava, escutava, mas não respondia.

Ao escutar ele perguntar se eu iria responder ou ficar ali apenas o olhando, me levantei com tudo, ainda em silencio completo, respirei fundo, ainda concentrada e então passei uma perna minha para o outro lado do corpo dele, deixando um pé meu de cada lado do corpo dele, fechei meus olhos e logo os abri novamente, puxei um pouco meu vestido e logo me agachei. Os braços dele estavam presos debaixo das minhas pernas, coloquei a cumbuca ao meu lado e passei a mão na pasta, apoiei minha outra mão ao lado da cabeça, deixando meu corpo um pouco pra frente, consegui o olhar bem de frente, por um momento paralisei enquanto percebia o quão bonito era realmente o seu rosto, mas logo voltei ao foco. – Isso vai doer um pouco... Me chame de Luna... – Disse rapidamente, sem dar tempo para que ele pudesse responder e já coloquei minha mão que estava toda de pasta em cima da ferida na cabeça.

Sentia o corpo dele querer se soltar, eu sabia da dor, eu já havia passado por isso, mas não fora uma vez, ele tentou reprimir, mas não conseguiu, eu escutei seus gritos. Isso me lembrava aqueles tempos, aquela marca, a qual nunca saiu de mim, mas eu não tinha raiva dentro de mim, apenas más lembranças, como meu sonho, como eles todos os dias. – Me desculpa... – Disse em um tom baixo e um tanto tristonho.

Sleeping Sun

– Shiii... Calma, isso vai passar, isso já vai passar... – Dizia em um tom baixo e ainda tristonho, enquanto mantinha minha mão com pasta por cima da ferida e as pernas segurando as pernas dele para que não se soltasse. Era difícil tudo aquilo, mesmo depois de anos, todas aquelas lembranças retornavam em minha mente, não queria que alguém sentisse a mesma coisa que eu senti, mesmo não sendo exatamente o mesmo motivo, saberia que essa dor, nunca seria parecida.

Lembrar das coisas que aconteceram a anos atrás entre eu e Saphira ainda doía, era controlável, mas ainda não era agradável, por mais cicatrizado que parecia estar, a marca sempre permaneceria ali. Larguei meus pensamentos por um momento e voltei minha atenção no homem que estava ali, gritando, estremecendo seu corpo, tentando lutar contra sua fraqueza para se soltar, ele pedia para ser solto, na verdade implorava, mas não era minha culpa. O único jeito era esperar....

Alguns minutos depois, a dor havia passado, seu corpo parava de estremecer e de tentar lutar para se livrar, me sentia aliviada, conseguia ver em seu rosto com uma expressão melhor, isso era bom. Peguei meu vestido e rasguei um pedaço, passei por cima da ferida, na qual estava bem melhor, não sangrava e estava completamente fechada. – Pronto... – Disse com uma voz calma, enquanto me levantava, retirando o peso de meu corpo dos braços dele, limpei minha mão no pedaço do vestido que havia arrancado e o olhei. – Como se sente? – Disse enquanto o olhava, tentando não demonstrar tanta preocupação.

Sleeping Sun

Sua aparência tinha mudado completamente, não havia mais aquele desespero, sufoco, suas feições não estavam mais tão rígidas, tão forçadas... Conseguia sentir sua aura mais leve, calma, mas ao olhar bem, bem em seus olhos, eu conseguia sentir dor, uma dor que não saberia o motivo, uma dor semelhante a minha, enquanto lembranças passavam por minha mente... Era melhor esquecer tudo isso por agora...

Meu olhar era fixo no olhar dele, por um longo momento, me fazendo viajar por meus pensamentos, balancei minha cabeça para afastar os pensamentos no momento em que a voz dele tomou conta do local, um tom gentil, ele era gentil... E eu continuava ali, por sua gentileza, me preocupei, ele parecia tão inocente... Abri um sorriso, sendo gentil, por impulso, por um momento esqueci de meus medos. – Fico feliz que esteja bem... E não tem com o que se preocupar. – Disse e um tom doce, demonstrando certo alivio.

Algo estava errado, não saberia porque sentia tanta confiança em sua voz, eu não o conhecia, ele poderia saber quem sou e tudo isso ser apenas uma armadilha, não poderia ser assim...

”Corra Ophelia, corra!..."

Meu sonho invadia minha mente novamente, me virei rapidamente e me agachei, começando a juntar minhas coisas, não poderia ficar mais ali, não dessa forma, ele já estava bem...

Mas algo me segurava ali, algo nele me segurava ali, então dei uma pausa e respirei fundo ao terminar de escuta-lo. – Aquela fogueira... Era minha... – Disse enquanto respirava fundo e logo dava continuação. – Vim visitar parentes por perto de Gligothiel... Costumo visitar alguns parentes de vez em quando pelos reinos... Dizem que por aqui existem plantas que são difíceis de encontrar, vim buscar para estuda-las. – Dizia enquanto tentava manter a calma.

Era difícil mentir, primeiro o nome e agora a história. Não era uma mentira completa, mas precisava me proteger, de uma forma ou de outra e como eu insistia em continuar ali, teria que ser exatamente dessa maneira. Me virei um pouco para olha-lo. – E você? Como veio parar aqui? – Dizia enquanto mantinha meu olhar nele.

Sleeping Sun

Seu olhar... Seu olhar me prendia de uma forma na qual eu não saberia explicar, isso era completamente estranho para mim, ele parecia ter algo diferente, algo que eu nunca havia encontrado antes, mas às vezes acreditava que era apenas coisas da minha cabeça, até mesmo de minha vida, alias mal tinha contato com pessoas de fora de Whitelands. Meu coração se disparava, me sentia confusa se tudo isso era medo mesmo, ou algo pior, como sua gentileza me deixar de certa forma intimidada, mas ao mesmo tempo encantada, eram poucas as pessoas que me tratavam de certa forma, bem, pessoas que eram gentis por eu ter ajudado... Tudo bem que eu não ajudo estranhos, ele acabou sendo o primeiro.

Me virei na tentativa de parar de olha-lo ao ver ele se sentar e falar comigo, aquele sorriso me norteou por um momento,  a maça de meu rosto queimava, forte, aparentemente estavam completamente vermelhas, respirei fundo, pegando todas as minhas coisas e colocando dentro de uma bolsa de couro, rapidamente me levantei e virei, ficando de frente a ele novamente, agora já me sentia mais calma e menos corada. Olhei um pouco para baixo, levando meu olhar a ele, que se encontrava sentado no chão. – Fico triste por sua aventura não ter dado muito certo... Mas feliz por ter sobrevivido, significa que ainda és forte o suficiente para coisas do tipo. – Dizia entre um meio sorriso, não queria sorrir, alias, não queria me deixar fraquejar novamente, mas estava tão difícil controlar essa situação.

”Gligothiel? Sério? E agora Ophelia, o que vai fazer? OLHA A MERDA QUE VOCÊ FEZ!”

Suspirei profundamente ao escutar o pedido que ele me fazia, eu sabia exatamente a onde era Gligothiel, mas eu não tinha familiar nenhum por ali, como levaria ele? E se ele quisesse tentar saber mais sobre isso? A questão dele estar mentindo nem me preocupava mais, o que preocupava agora era como me safar dessa? Não tinha como, não nesse momento. – Claro milorde, iremos para lá neste exato momento... Não é mesmo Cora? – Disse a ele enquanto mantinha minha calma, me virando para trás na intenção de achar Cora atrás de mim, mas estava vazio.

Estava sol o suficiente para poder olhar pela floresta, olhei ao redor e não a encontrei, levei meus dedos a minha boca, assoviando, na tentativa de chama-la e logo a escutei. – Espere aqui! – Disse enquanto caminhava, em direção ao som de Cora. Ela estava lá, ao lado de um corcel tão belo quanto ela, passei minha mão por sua cabeça, a acariciando e abrindo um sorriso. Provável que ele era do homem que estava ali, sentado no chão a minha espera. Ele estava com frio, uma aparência triste, levei minha mão a bolsa de couro e tirei a ração de Cora para dar a ele, levei minha mão a sua cabeça, com cuidado, me concentrei e fiz com que o calor se espalhasse por seu corpo. Agora sim aquele corcel estava bem.

Segurava as rédeas dos corcéis, voltando ao local onde ele me esperava. Ao encontra-lo ali ainda não consegui conter e logo abri um sorriso. – Creio que Cora tenha encontrado seu amigo... – Disse em um tom um tanto alegre, me virei um pouco para olhar o local, estava lindo, aquele lago iluminado pelo sol, me sentia tão bem ali... Pena que havia de ir embora. Voltei meu olhar a ele e em seguida lhe dizendo. – Se estiver bem, se sentindo bem, podemos partir...

Sleeping Sun

Por um momento a alegria tomava conta de meu rosto ao ver a felicidade dele de encontrar seu companheiro, sei como ele se sentiria se o perdesse, era da mesma forma comigo e minha corcel Cora, desde que era um filhote já estava comigo, nosso amor e carinho por essas criaturinhas crescem de uma forma admirável, eles se tornam nossa família, se tornam parte de nós. Assenti com a cabeça, dando um breve sorriso ao escutar o mesmo me agradecer e passei minha mão em Cora, olhando para ela com o mesmo sorriso.

Ao ver o mesmo concordar com a partida, peguei a guia de Cora e começamos a caminhar, nossos corcéis se encontravam um pouco atrás de nós, a caminhada seria longa, logo não conseguindo mais caminhar. O local se encontrava completamente iluminado, totalmente coberto de neve, o que víamos agora era completamente o oposto de sua primavera, Amaranth era uma floresta cheia de cores, flores, vida, mas mesmo assim, em pleno inverno ela não perdia seu encanto.

- Não, obrigada... Eu estou bem com esse frio. – Disse em um tom calmo, rejeitando a bebida por precaução, tentando ignorar a primeira pergunta, mas logo respirou um pouco fundo e continuou. – Sou de um lugar distante daqui, mas como tenho parentes, venho visitar, como já havia dito... – Respondia de uma forma direta, mas calma, logo mostrando um sorriso em seus lábios.

A caminhada era longe, já tínhamos andado bastante, mas estávamos começando a cansar, olhei para ele, que pelo momento parecia olhar para frente, sabia que ele não estava completamente bem, então parei por um momento e respirei fundo. – Acho melhor irmos cavalgando, se não logo ficaremos cansados... – Disse enquanto o olhava, mas logo montava em Cora para darmos continuidade a caminhada.

Sleeping Sun

Nossa jornada continuava, o caminho era inteiramente branco de neve, um silencio completo de nossas vozes, apenas se ouvia o som da caminhada de nossos corcéis. Nessa época haviam poucos pássaros por aqui, o inverno sempre chegava em cheio e ficava por um longo tempo, era bastante frio para as pessoas, mas não para mim.

Estava perdida em meus pensamentos, perdida com a vista, até que finalmente a voz dele quebrava o silencio, vindo em cheio a minha direção, tirando um pouco de meu folego. Respirei fundo, me mantendo firme em cima de Cora. – Conheço poucas plantas por aqui, alias, essa época fica um pouco difícil de procurar... – Disse e logo abri um sorriso de canto. – Alias, foi o que me disseram, pois conheço pouco este lugar... – Continuei, tentando disfarçar que realmente conhecia pouco sobre o lugar.

Sabia que não era certo o que estava fazendo, não gostava de mentir, de manipular alguém, me sentia uma pessoa ruim, sem coração, sem alma. Sei que tudo requer seu momento, mas ele parecia ser completamente inocente, em nenhum momento consegui identificar maldade vindo de sua aura, de seu olhar. Eu estava sendo a errada, eu que comecei com a mentira toda e agora me sentia mal por não saber como desfazer.

Levava meu olhar para ele, de canto, para ele não perceber que eu o olhava... Porque me sentiria assim? Tão culpada? Ele era um estranho, eu só o ajudei, mas algo nele, algo ali me chamava, me encantava. Olhava para frente, focada em meus pensamentos e sentimentos, até novamente ele cortar o silencio, me querendo fazer sorrir, mas estava chateada o suficiente comigo para continuar com isso, com essa mentira.

Segurei a guia de Cora de forma que fizesse ela parar, pude perceber ele parar logo em seguida e me olhar, com aquele olhar que penetrava o meu, deixando minha mente confusa, meu coração palpitando rápido, era como fogo queimando em minha pele. – Eu... Eu preciso ir... – Disse com dificuldade, juntando forças para continuar a falar. – Está logo ali na frente, é só seguir o caminho... Me perdoe. – Dizia novamente com tal dificuldade, virei Cora para direção contrária e cavalguei um pouco, sem dar tempo dele dizer algo. Parei e me virei um pouco, quando estava com certa distancia, mas podendo enxerga-lo perfeitamente.

– OPHELIA! – Gritei, abrindo um sorriso. – PRAZER! – Disse com animo, alto o suficiente para que ele escutasse. Cavalguei, o mais rápido que conseguia, como sorriso estampado no rosto, sabendo que pelo menos meu nome verdadeiro ele iria saber. Sei que ele estaria confuso, sei que ainda me sentiria culpada, mas mesmo assim a alegria me dominava por um momento em quanto eu voltava para Whitelands.